Ponta de Humaitá - "Vamos ver o pôr-do-sol, me dê a mão"

Conheça a Ponta de Humaitá, em Salvador, uma pequena península banhada por águas azuis transparentes e de onde se vê um dos pores do sol mais bonitos da capital baiana; lugar aonde levas de moradores e turistas vão namorar, contemplar a natureza e, algumas vezes por ano, ouvir boa música.

Texto e fotos por Márcio Walter Machado 

Um amplo pátio coberto por pedras que se desenham em forma de grandes conchas faz a ligação entre o píer e a igreja do século XVII, convidando o caminhante a contemplar, de um lado, a natureza exuberante se revelando no mar de azul profundo e transparente, na brisa fresca, no som do vento entre as folhas de palmeiras e coqueiros; e, de outro lado, a arte barroca ornando o interior do pequeno templo construído em honra a Nossa Senhora do Mont Serrat, a qual, talhada em madeira, repousa linda em seu altar de quase sete metros de altura, recoberto por folhas de ouro e ladeado por paredes de azulejo português quadricentanário, e por um bem trabalhado gradil de jacarandá que é tão antigo quanto o campanário, erguido como torre solitária apontando aos céus. 

Assim é a Ponta de Humaitá, na Cidade Baixa, sobre uma pequena península, onde, a cada
dia, levas de turistas e moradores locais deixam para trás o stress diário, a correria incessante da cidade da Bahia e se lançam na contemplação do que a natureza tem de mais bonito na capital soteropolitana.

De lá, sentados sobre o píer ou sobre a amurada de proteção, tanto os casais apaixonados como os amantes do pôr do sol, se sentem lançados num mundo de contemplação e meditação, fazendo as pazes com Deus e com os homens.

A Ponta de Humaitá é assim como uma experiência religiosa, daqueles êxtases que se tinham em tempos passados, os quais faziam o homem se lançar num abraço místico com o divino. 

Pois, é preciso dizer, é desse lugar que se observa o sol refletindo seus raios sobre os vidros dos prédios da Cidade Alta, do Comércio, incendiando a cidade como num ritual a alguma divindade do fogo e da beleza.

Talvez por isso mesmo é que bem ali, sobre as pedras pretas que lhe dão o nome, a Ponta de Humaitá receba praticantes das diversas religiões, os quais, em adoração às suas divindades entram no transe místico da umbanda ou se deixam envolver pelas ondas transparentes do mar no mergulho ritual dos batismos evangélicos. 


A pequena península, no entanto, não serve apenas à contemplação, pois também provê sustento a famílias inteiras. É de lá, postos sobre o cais ou sobre as pedras, dentro de pequenos barcos, com suas varas e linhas, que pescadores profissionais ou de ocasião retiram do mar o peixe abundante para o almoço ou para a ceia.

Mas, quem não for da pesca, ali naquela ponta tão bela e tão cheia de vida e da sensação de estarmos a milhares de quilômetros dos centros urbanos, não precisa se avexar. Há um restaurante, numa aconchegante construção de 1619, que serve comidas típicas e frutos do mar e de onde os clientes, escutando música ao vivo, podem ver o sol se despedindo do dia com seus raios colorindo o céu. 

Não é à toa que, nos domingos de verão, a banda JAMMIL E UMA NOITES ecoe pelas paredes seculares do restaurante, da igreja, do mosteiro beneditino a ela ligado, as letras da sua música que a brisa serena vai levando pela cidade enquanto o ocaso pinta o horizonte de um vermelho vivo: “Vamos ver o pôr-do-sol, me dê a mão”, lá na Ponta de Humaitá, ao passo que o farolzinho vermelho e branco saúda os navios e os barquinhos de pesca que a Baía de Todos os Santos vão singrando devagar. 


Como chegar: PONTA DE HUMAITÁ

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